VIVA A GARRAFA DE PINGA!
(Lúcia Gomes Macêdo, in Retalhos de Amor)
Na calçada da Calçada
Dorme exposta, embriagada
Alheia a todos que passam
Uma madura mulher
Trazendo presa, entre as mãos
Com o dedo a apontar
A desgraça que a atinge:
uma garrafa de pinga.
Sonha!... (desastrosos sonhos!)
Perdida, a mendiga, a esmo.
Seu luar é o chão que abriga
Seus restos magros, desfeitos.
Traz no semblante a desdita
Amargurada, sofrida!
Londe de Deus e da vida
O seu pão de cada dia
Sua estrada e seu lar
É uma garrafa de pinga.
Para esquecer e não lembrar
Vegetando, ela se arrasta
No lodo da própria vida
Cambaleante ela grita:
- Viva a garrafa de pinga!
domingo, 5 de julho de 2009
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