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sábado, 9 de janeiro de 2010

Palavra


Palavra
(Luís Antonio Vieira, in Antologia Pórtico 3)

Toda palavra se revira em verso-concreto-armado
É mistura de quereres, realiza-se em outros quereres
Toda palavra está na agulha, esperando pra ser manuseada
Está no argumento, na retórica, no bate-papo, na gíria e Palavrão

Palavras apenas, em dicionários, anúncios de jornais, revistas
Palavras para significar pessoas, expressar pessoas, dizer coisas afins
Palavras arbitrárias, retorcidas que nem ferro, prontas para perfurar;

A palavra faca não fere;
A palavra merda não fede;
E a palavra pênis não engravida;

Pois toda palavra só escapa à boca porque existe em pensamento livre
Toda palavra é estilete, bala de fuzil, caco de vidro, cama-de-gato
É invento que vira verbo e se movimenta
Toda palavra é matéria, seringa. É hemorrágica e intencional!

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